E os homens da terra
Sentaram-se! Frutos silvestres
Emprestaram sabedoria e sombra
Poeiras campestres
Abençoaram papeladas
E acordos nos matos das picadas!
Um vento a soprar agreste
As terras do leste
Falou-me d’homens sentados
Em troncos e pedras
A falarem acordos e palavras
E obuses de canhões silenciados!
A taça do sangue das armas
Entornou-se! Batuques e lágrimas
Das gentes magricelas
A espreitar homens da terra
Sentados, a falarem paz em palavra
E sonhos e acordos d’estrelas!
A tumba dos homens apagados
Em camuflados e botas
Aplaudiram palmas
Kazumbis e almas
Dançaram alegria nas matas
E homens sentaram pedras d’acordos!
E as patentes da terra
Conversaram! Calaram-se ruídos
E fuzis d’homens fardados
A barulhar palavras e guerras
Conversam os homens nas pedras
E nos troncos dos acordos!
E os homens da terra conversaram!
Décio Bettencourt Mateus.
Luanda, 26 de Novembro de 2007.
in "Xé Candongueiro"
22 comments:
Especial este poema... muito bem construido. Este verso está sublime, Poeta! "A taça do sangue das armas" tanto sentido neste pequeno verso!!
E para terminar com chave de ouro: "E os homens da terra conversaram!"
Parabéns, mano Decio!!!
Kandandu
Emocionante!
Como é triste a guerra e suas consequências. E os frutos da mentira.
Estava com saudades de vc!
Bjs.
Poema lindo Sr Décio, apesar de triste.
"E os homens da terra conversaram!
"
Vamos ver se a conversa melhora algumas coisas!
Kandandu!
gosto especialmente deste poema:
me alargo, sangro, eu-terra.
um beijo.
Obrigado mano Namibiano. Pois é, "A taça do sangue das armas
Entornou-se!", e "Os homens da terra conversaram!".
Kandandu
De facto Fatima, concordo contigo, é triste a guerra. Por isso o poeta canta aqui a assinatura dos acordos que ditaram o fim da guerra em Angola.
Um kandandu e volte sempre á Mulembeira.
R de Palma, o silêncio das armas já é um grande ganho e uma grande melhoria. Vamos continuar a lutar por mais melhorias.
Kandandu e obrigado pela visita.
(Me)nina: Obrigado. Acho que que também o poeta sangrou um pouquinho. Mulembeira se alegra com as tuas visitas.
Kandandu.
Mulembeirangola
no Balaio de hoje.
Kandandu/abraço.
os homens da terra são os homens,
décio.
um abraço.
romério
Mano, tem surpresa para ti no blogue "Para Nunca Mais a Guerra.
Kandandu
Romério, poeta mesmo no comentar! Tem mesmo razão, os homens da terra são os homens. Gostei. Obrigado. Suas visitas são lijonza.
Caro Décio,
Não imaginas o quanto este poema me toca!
Recuei a um tempo que não quero recordar... estou emocionada.
E fico-me por aqui, com as tuas palavras a martelarem-me a cabeça e o coração.
Um abraço
Meg amiga: o pior - a longa guerra - já lá vai, felizmente. Agora outros não menos sérios e importantes problemas pela frente. E é o que o poeta tenta cantar, o momento que sentenciou o fim da mortandade. Bem mas não te quero triste amiga.
Kandandu
gostei muito do poema. gosto muito de poemas que misturam natureza. beijos, pedrita
Pedrita, obrigado por ter vindo. É muito benvinda.
Kandandu.
retribuindo tua visita, poeta:
tua poesia vasculha uma luz. aquela que fala da vontade de viver e de nunca cerrar os olhos para a mentira e opressão.
abração
Cgurgel
Cgurgel, sua visita é bem acolhida. Obrigado pelos comentários.
Oi,
quando teremos, aqui, um novo poema seu?
Kandandu/abraço.
Moacy: gostei da sua provocação, eh, eh, eh...
Breve, muito breve Mulembeira trará outra novidade de "Xé Candongueiro".
Kandandu.
décio:
obrigado pelo link.
um abraço.
romério
Décio,
Subscrevoa pergunta do Moacy!
Quando?
Um abraço amigo
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