Candongueiro tem pressa
Sobe na baúca
Não tem conversa
Condução louca
Pé no acelerador, velocidade
Não respeita prioridade!
Eh! Candongueiro dono da estrada
Ultrapassa pela direita
Manobra arrojada
Ultrapassa
Vuza na estrada estreita
“Trabalha não dá confiança”, tem pressa!
Candongueiro abarrotado
Não afrouxa na lomba
Leva gente p’ra mutamba
Pé no acelerador, velocidade
Dono da cidade
“Dinheiro trocado, dinheiro trocado!”
Eh! Candongueiro tem cobrador
Que grita: 1. de Maio, Maianga, Maianga…
Pé no acelerador, zunga-que-zunga
Abarrotado de gente
Não respeita cliente:
“Ou encosta ou desce meu senhor!”
Zé Pirão, São Paulo, Roque
“Não há maka emagrece meu kota”
Candongueiro manda na estrada
Leva gente do musseque
Gente enlatada
Roda batida é dono da rota!
“Trabalha não dá confiança”
Prenda, Mulembeira, Mulembeira
Leva gente do povo gente da praça
Candongueiro transporte do povo
Não é carro novo
Arranca levanta poeira!
Zunga-que-zunga sobe o passeio
Carro cheio
Xé candongueiro
Respeita passageiro
E espera prioridade
Candongueiro é dono da cidade!
Eh! Candongueiro é gente importante
No carro velho
Leva gente p’ro trabalho
Carrega gente descarrega gente
Ku Duro música alta
Xé candongueiro olha multa!
Décio Bettencourt Mateus
In Xé Candongueiro!
Luanda, 05 de Dezembro de 2006.
Xé : atenção !, cuidado !
Candongueiro : espécie de mini-autocarros – normalmente Toyota Hiace ou Comuter, azul e brancos – que se dedicam ao transporte de pessoas.
Baúca: espaço adjacente à parte de trás dos bancos da frente, i.e. do motorista e outros.
Emagrece: em linguagem popular do candongueiro quer dizer que o cliente deve encostar-se o máximo que puder, para que outro cliente possa sentar-se.
Ku duro: estilo musical made in Angola, em moda.
Kota: mais velho, pessoa de respeito.
22 comments:
Poema vivo, vivo e cheio dos barulhos-povo de uma cidade frenética de VIDA, vida e dificuldades... Este poema é, para além do poema escrito, um outro poema "escrito-música", unicamente SOM. Uma sonoridade que de uma forma magistral foi passado para a escrita, quem nao conseguir SENTIR-OUVIR e PRESENTIR isto nao inspira atotalidade deste poema, a sua ALMA!
Xé Poeta!!!
Kandandu (Vai para o Cores e é já!!!)
Magnifico Décio!
Em Brasília, cidade que morei por 7 anos, é igualzinho, acredita?
Lá o transporte publico é um desastre (a cidade não foi feita pra quem não tem carro) e as "lotações" quando chegam causam este mesmo agito .
Gostei muito.
Bjs.
Namibiano: valeu a visita e comentário/crítica, mano. Obrigado.
O nosso kandandu.
Olá Fátima: interessante saber que em Brasília a situação é semelhante.
Obrigado pela visita.
Kandandu.
Décio,
Publiquei, como lhe disse, a "CARTA DE UM ANGOLANO NO ESTRANGEIRO" lá no meu blogue: http://notas-ao-acaso.blogspot.com/2010/05/carta-de-um-angolano-no-estrangeiro.html.
Obrigada e um beijinho.
Teresa: obrigado pela visita. Bué (muitos) de agradecimentos pela visita e pela postagem. Prometo-lhe uma visita.
Kandandu.
Decio
500 seguidores valeu pela tua presença
um kandando bem forte...
Inté...E Luanda dos meus encantos...
Para ti...
ANGOLA COM CHUVA
Angola
Angola linda…
Angola feiticeira…
Com o teu feitiço…
E com tudo que é teu…
Hoje…
Recordo a tua chuva…
Chuva que veio…
Com força…
Com bater…
E que durou…
Apenas cinco minutos…
Cinco longos minutos…
Que se transformaram …
Logo em sol…
Sol quente…
Que seca…
E que deixa marca…
Deixa o teu cheiro…
E no chão…
O cheiro do barro…
O cheiro que entrou…
Dentro de mim…
E toda a vida …
Me vai perseguir…
(ontem em Angola choveu)
Lili Laranjo
Lili obrigado. Gosto sempre da sua delicadeza poética!
Obrigada Décio pela visita e volte sempre.
Fico feliz com uma visita que vem de Angola. E que belo poema à entrada - candongueiro, tão africano, tão cheio do calor e de sensibilidade!
Adoro literatura africana. Quero mesmo torná-la matéria curricular na minha Escola.
Bj
Un placer visitar y leer el blog.
Desde Argentina,Liliana
Liliana: ¡que placer una visita de la Argentina! Muchas gracias.
Después del Ghana you estói apoyando la Argentina en el mundial de futebol.
Benvenida.
Como angolana que sou, adoro poesia angolana. Às vezes, brinco aos poetas mas não passpo de uma candengue de rua brincando com as palavras que ficaram na memória da infância. No tempo em que não havia candongueiros. Mas havia macimbombos antigos que faziam o percurso para o Cazenga e paravam na avenida brasil que me viu nascer. 33 anos sem voltar a Luanda e quando voltei, fui observar os candongueiros pela 1ª vez. Uma " praga " para os outros condutores das cidades, para mim, uma delícia. No seu serpentear habilidoso e sobrevivente, na sua intenção de valer aos mais desfavorecidos e na sua afirmação como povo de um continente maravilhoso como é África. De Luanda recebi de novo o feitiço e o genuíno quando voltei. Só me falta andar de candongueiro... Nesse emagrece, emagrece, divertido, por essa Luanda fora. Um dia vou entrar e vou percorrer os caminhos da minha terra como faz o meu povo.
Neste poema, antevi essa viagem. E ADOREI.
Bem haja. Um abraço do tamanho do olhar de Deus.
Maria Clara: obrigado pela sua visita. E pela sua linda mensagem; afinal bem poética. Os candongueiros são assim mesmo como descreveu: uma praga e um fascínio. Mas o que quer que sejam estou bem de acordo consigo "na sua intenção de valer aos mais desfavorecidos". Sim são eles que transportam o povo sofrido da nossa terra. Mas nestas lides poéticas, não seremos (quase) todos uns candengues a tentar aprender?
Kandandu.
Olá poeta
Somos todos uns candengues a aprender mas uns ficam na primeira cabunga ( o meu caso ) e outros vão por aí fora fazer faculdade de poesia ( o seu caso ).
Parabéns
Maria Clara: Obrigado amiga. Volte sempre.
Kandandu.
Gostei imenso, mete em evidencia o trafego em luanda. Obrigado meu cota.
Um kandandu amigo. Obrigado.
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Assim é a nossa terra.Alegre com o mais simples.
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