E também os pequenos
virgens d’anos
e inocentes d’inocências
nas costas uma zunga d’andanças
e vivências
a deambular caminhos d’esperanças!
Também a garotada
a cavalgar avenidas
e cacos da vida
ruelas, uma zunga de vida fatigada
nas costas da mãe zungueira
a calcorrear vida vendedora!
E aspiram sol da dureza
a miudagem a brotar indigente
caminhada ambulante
Sol d’asperezas:
o meu futuro são árvores abandonadas
nos cantos da esquina da vida!
E fogem pendurados nos panos
em pernas zungueiras
lascas de zunga
a dialogar distância longa:
o meu futuro são gotas de poeiras
e lixo na inocência d’anos!
O meu futuro uma hipoteca
de fome faminta
a deambular praças barulhentas
e gente esfomeada
de ruas alagadas
o meu futuro, uma dor de fome seca!
Décio Bettencourt Mateus.
in "Xé Candongueiro"
Luanda, 10 de dezembro de 2007.
12 comments:
“A injustiça que se faz a um, é uma ameaça que se faz a todos.”
(Montesquieu)
Bjs querido.
«meu futuro uma hipoteca»
Que belo poema.
bj
Verdade Fátima. Valeu.
Kandandu.
Obrigado Ana. É sempre benvinda.
O meu futuro uma hipoteca
de fome faminta
a deambular praças barulhentas
e gente esfomeada...
Meu caro amigo, esta é uma realidade que de poética não tem nada, mas que a tua poesia nos obriga a enfrentar... com toda a coragem possível.
Tristemente, Décio!
Um abraço da Meg
Conforme émail que te enviei, a Recalcitrante mudou de identidade...
Meg: obrigado pelo convite ao Recalcitrante nova roupagem. Concerteza que continuaremos assíduos - qualquer que seja a roupagem. E solidários pelos problemas por que passaste.
Eh verdade Meg, há realidades pouco poéticas (entendo pouco agradáveis); todavia não é mesmo tembém por isso, e esperançoso de contribuir para alguma melhoria que vamos também estas realidades tentar poetizar?
Kandandu.
"A Melhor mensagem de Natal é aquela que sai em silêncio
de nossos corações e aquece com ternura os corações daqueles que nos acompanham em nossa caminhada pela vida"
Um Feliz Natal e um Ano Novo cheio de Paz,
Amor, Saúde e Amizade.
Bjs
Um dia...um dia cantar-se-á o futuro. Será prenhe de justiça. E aquilo que as crianças de hoje quiserem fazer dele.
Um dia a indigência, a fome, e a ausência de futuro será uma triste recordação do passado.
Um dia...gostaria de escrever assim. Como o poeta.
Parabéns.
Décio,
Vim deixar-te um abraço pelo carinho.
Da Meg (myself), porque sim!
Não podia deixar de passar por aqui e deixar um kandandu.
R de Palma: saudo este seu regresso. Portanto é (re)benvinda! E já sabe, Mulembeira alegra-se com suas visitas.
Kandandu.
Nel: You are welcome. Thanks for the visit and comment.
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