Falas-me a papel,
nas cousas lindas
que cantas
nas letras mortas
das palavras fartas
que sozinho caminhas e andas;
que cousas andas as quantas.
E que me falas a Maquiavel
oculto em discursos
quando opulento nos bolsos
bochechas d´arroto
zombas-me o rosto
na zombaria de falas a mel.
Falas-me a Maquiavel
quando me ignoras a palidez
magreza nos ossos,
na fartura dos discursos
estupidificarem-me aridez
na astúcia da palavra afável.
Falas-me a papel
no ornamento das palavras
chacotas que lavras
no alto da imponência
da cor da arrogância
quando me falas afável a Maquiavel.
Falas-me à abastança
da tua oca bonança
em papéis de vã sabedoria
pisotearem-me a miséria
no rosto ansioso de fome
que tua abastança me consome.
que cousas andas as quantas
quando me falas a papel
cousas leves a Maquiavel
que sozinho caminhas e cantas.
Décio Bettencourt Mateus.
Luanda, 2 de Dezembro de 2009.
* Poema inédito, Mencionado no XXVII Prémio
Mundial de Poesia Nosside. (Com algumas alterações)
6 comments:
Um belo poema, aflorando a realidade contraditória e desigual dos tempos que vivemos - tempos para reler Maquiavel.
Beijo
Tinhamos ja saudades de um poema... e ainda mais inédito!!!
Kandandu, meu mano!
Webston, obrigado pela visita, comentário e convite. Vou sim prazeiroso visitar o seu blog.
Ana, um abraço. Obrigado.
Mano Namibiano, grande kandandu. Valeu.
Excelente, bom trabalho Decio!
Post a Comment