Monday, February 06, 2012

QUE COUSAS ANDAS AS QUANTAS*

Falas-me a papel,

nas cousas lindas
que cantas
nas letras mortas
das palavras fartas
que sozinho caminhas e andas;
que cousas andas as quantas.

E que me falas a Maquiavel
oculto em discursos
quando opulento nos bolsos
bochechas d´arroto
zombas-me o rosto
na zombaria de falas a mel.

Falas-me a Maquiavel
quando me ignoras a palidez
magreza nos ossos,
na fartura dos discursos
estupidificarem-me aridez
na astúcia da palavra afável.

Falas-me a papel
no ornamento das palavras
chacotas que lavras
no alto da imponência
da cor da arrogância
quando me falas afável a Maquiavel.

Falas-me à abastança
da tua oca bonança
em papéis de vã sabedoria
pisotearem-me a miséria
no rosto ansioso de fome
que tua abastança me consome.

que cousas andas as quantas
quando me falas a papel
cousas leves a Maquiavel
que sozinho caminhas e cantas.


Décio Bettencourt Mateus.


Luanda, 2 de Dezembro de 2009.

* Poema inédito, Mencionado no XXVII Prémio
Mundial de Poesia Nosside. (Com algumas alterações)

6 comments:

Ana Tapadas said...

Um belo poema, aflorando a realidade contraditória e desigual dos tempos que vivemos - tempos para reler Maquiavel.

Beijo

NAMIBIANO FERREIRA said...

Tinhamos ja saudades de um poema... e ainda mais inédito!!!
Kandandu, meu mano!

DECIO BETTENCOURT MATEUS said...

Webston, obrigado pela visita, comentário e convite. Vou sim prazeiroso visitar o seu blog.

DECIO BETTENCOURT MATEUS said...

Ana, um abraço. Obrigado.

DECIO BETTENCOURT MATEUS said...

Mano Namibiano, grande kandandu. Valeu.

Bettencourt said...

Excelente, bom trabalho Decio!