E na escalada da montanha
Tropecei pedregulhos e penhascos
De areias escorregadias
Beijei o fresco da manhã
E a quentura dos dias
Nuns pés cansados e roucos!
Meus joelhos escorregadios
Sangraram dolentes abrupta escalada
Minha boca amuada
Desbaratando caminhos
E espinhos
E jorrando dores fartas de lamúrios!
Respirei ar-poeira beijando a boca
Barro sufocando lábios
De dolentes assobios
E uma voz rouca
Clamando o cimo da montanha
Clamando o fresco da manhã!
Meu corpo dorido num arrasto
Deslizando detritos
Pedregulhos, poeiras e areias
Minha garganta um rosto
Inflamado de gritos
Lamentando a crueldade dos dias!
Lábios inflamados morderam terra dura
Minha seiva regou terra
De montanhas e penhascos e areias
Rebolei precipício abaixo
Gemi baixo
E limpei as feridas no silêncio das aldeias!
Décio Bettencourt Mateus
in Xé Candongueiro!
Luanda, 7 de Agosto de 2007.
2 comments:
Bonito...
"E limpei as feridas no silêncio das aldeias!"
kandandu, mano.
Obrigado Mano. Um kanandu aqui da terra.
Post a Comment