Friday, June 08, 2012

A ESCALADA

E na escalada da montanha
Tropecei pedregulhos e penhascos
De areias escorregadias
Beijei o fresco da manhã
E a quentura dos dias
Nuns pés cansados e roucos!

Meus joelhos escorregadios
Sangraram dolentes abrupta escalada
Minha boca amuada
Desbaratando caminhos
E espinhos
E jorrando dores fartas de lamúrios!

Respirei ar-poeira beijando a boca
Barro sufocando lábios
De dolentes assobios
E uma voz rouca
Clamando o cimo da montanha
Clamando o fresco da manhã!

Meu corpo dorido num arrasto
Deslizando detritos
Pedregulhos, poeiras e areias
Minha garganta um rosto
Inflamado de gritos
Lamentando a crueldade dos dias!

Lábios inflamados morderam terra dura
Minha seiva regou terra
De montanhas e penhascos e areias
Rebolei precipício abaixo
Gemi baixo
E limpei as feridas no silêncio das aldeias!


Décio Bettencourt Mateus

in Xé Candongueiro!

Luanda, 7 de Agosto de 2007.



2 comments:

NAMIBIANO FERREIRA said...

Bonito...
"E limpei as feridas no silêncio das aldeias!"

kandandu, mano.

DECIO BETTENCOURT MATEUS said...

Obrigado Mano. Um kanandu aqui da terra.