Tuesday, November 12, 2013

OS PASSOS DA MINHA POESIA

São de poesia
os passos distraídos
que galgo num Sol ardente
do meio-dia
dum qualquer dia distante
a ecoar meus passos enluarados.

São de poesia
as voltas sem destino que trilho
a errar a Mutamba
a sofrer tuas malambas…
a dualidade do brilho
da vida a sorrir-me durezas e cortesia.

E também a dor
o peso que sinto
nas imbambas de sustento
carregas na cabeça de zunga
a galgar distância longa
é também poesia a dureza deste labor!

A desarmonia
tua fome que me rói também
nas fúrias do homem
emporcalhado
d’embebedado
são espinhos da minha poesia.

Outrossim são poesia
as caminhadas solitárias
a descobrir poesia nas areias
do chão por ti galgado
e trilhado
são de poesia as minhas trajectórias!


Décio Bettencourt Mateus.

in Gente de Mulher

Luanda, 30 de Agosto de 2006.

2 comments:

NAMIBIANO FERREIRA said...

Sem dúvida, tudo é poesia!!
Basta que o poeta o queira e o sinta.

"E também a dor o peso que sinto nas imbambas de sustento carregas na cabeça de zunga a galgar distância longa é também poesia a dureza deste labor!"

Kandandu, mano!

DECIO BETTENCOURT MATEUS said...

Obrigado mano. Kandandu.