Um mendigo veio
a cantar-me as dores do silêncio
mãos pedintes
mendigadas às gentes
antigo combatente lágrimas amuadas
ciciadas discretas às madrugadas.
Um mendigo veio nos olhos
a questionar pasmar ignorante
as cousas vivências requinte
costas doridas a estalarem galhos
passos descalços pés trôpegos
e multidões infindas de mendigos.
Era roboteiro um farrapo qualquer
a saltitar espreitar o candongueiro
há-não-há ganha-pão mercadoria
um mendigo miserável roboteiro
a chafurdar lambuzar porcaria:
uma estrela goteja lágrimas d´enternecer!
Eram braços robustos
emprestados a um corpo magro
pernas gemido caminhar um negro
um mendigo roboteiro veio
pasmando fatos smoking atavio…
as rugas nutridas nos rostos.
E foi-se carregando o mundo as escórias
num carro de mão sustento
untado besuntado lamento
lágrimas segregando histórias
um mendigo roboteiro trabalhador:
o planeta convulsiona rotações d’arco lágrimas e dor!
Décio Bettencourt Mateus
in Os Portões do Silêncio
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