(Antes do Princípio)
Antes que viessem os homens
teríamos descalços
viajado matos montanhas
mãos dadas laços
juras e confidências d´entrelinhas
segredadas dispersas aos aléns.
Antes que soubéssemos as cores
teríamos deitado o capim
a estalar-nos as costas
a soletrares gemidos em mim
promessas e apostas
a colorirem-nos d´alvoreceres.
Antes que mapeassem diferenças
seríamos brincado felicidade
nus a sorrir crianças
tuas melodias sopro-murmúrio
nas correntezas do meu rio
antes que nos mentissem a verdade!
E deitaríamos o chão dos nossos lagos
adocicados, mel abelhas favos...
antes que os homens as teorias
e o cinzento dos dias
acariciaríamos os cravos
licores d´amor taças champanhe e tragos.
Antes, muito antes que nos viessem os homens
dia e noite uma linha d´horizonte
longínqua ténue reluzente
azul vida amanheceres
antes que soubéssemos as nuvens
e o brilho desfavorecido das cores,
que os homens inventaram depois
muito depois a distanciarem-nos os dois.
Antes que os homens a cor
corríamos felizes as constelações do amor.
Décio Bettencourt Mateus.
in Os Portões do Silêncio.
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