Monday, February 19, 2007

AS MÃOS DA MÃE

As mãos. Mãos calejadas
E enrugadas
Mãos precocemente envelhecidas
E endurecidas
As mãos sofridas da mulher
Cansadas de sofrer!

As mãos. Mãos molhadas
E húmidas
Toneladas de roupa no tanque
À espera das mãos trabalhadoras
E sofredoras
Toneladas de roupa à espera num qualquer musseque!

As mãos da mãe. Mãos outrora finas e delicadas
Agora maltratadas
E calejadas
A roupa, o tanque, a cozinha, a lida da casa…
E as mãos cansadas na sua beleza
As mãos na sua aspereza!

As mãos da mãe. Mãos enrijecidas
E endurecidas
Mãos ásperas travaram longas batalhas
E exibem as medalhas
Exibem os calos das batalhas travadas
Os calos das mãos. As mãos da mãe outrora delicadas!

As mãos. As mãos da mãe trabalham a terra
Com vigor e garra
As mãos trabalham, o suor corre
O suor escorre
As mãos cultivam os produtos, cultivam o milho
As mãos calejadas alimentam o filho!

As mãos da mãe. Mãos ásperas sem instrução
Mãos sem escola, sem preparação
Trabalham duro
E preparam o futuro
As mãos sem escola vão formar doutores e engenheiros
As mãos sem escola vão formar cérebros!

As mãos da mãe. Mãos lindas plantando rosas de amor
Mãos lindas plantando um mundo melhor!


Décio Bettencourt Mateus
in "Os Meus Pés Descalços"

9 comments:

Nelson Ngungu Rossano said...

Lindissímo esse poema, qualquer mãe gostaria de ouvir essas palvras tão doces e melodiosas, contudo mostrando a realidade qoutidiana!

Kandandu caro amigo.

Meus parabéns

NAMIBIANO FERREIRA said...
This comment has been removed by a blog administrator.
NAMIBIANO FERREIRA said...

Decio, PARABENS! Entrevista e critica fazem jus ao poeta com lugar cativo na Literatura angolana. Continua em frente meu irmao!

Anonymous said...

LUBANGO

É tempo de cacimbo,
meus lábios estão secos,
e nas ruas do Lubango
se vende fruta madura.

mamão, maracujá,
banana de Benguela,
laranjas da Huíla, abacates,
maçãs da Humpata,
morangos da Palanca,
manguinhas do padre Carlos...

"- Leva só, tio, é a duzentos!..."

gindungo, ginguba...

Os jacarandás já estão floridos.

Envoltos nos panos,
calmos e embalados
na cacunda das mães,
os meninos sabem
que nas ruas do Lubango
a sua esperança nunca será vendida.

__________________
josé (Kahango) frade

DECIO BETTENCOURT MATEUS said...

Zé Kahango: Obrigado por sua simpática visita. E por este lindo poema que carinhosamente deixou aqui. Gostei muito. Tentei deixar uma mensagem de agradecimento no seu blog, mas não consegui.

Um kandandu.

Décio Bettencourt Mateus

Anonymous said...

Certamente, dentre os muitos eloquentes poemas do Décio, este é o meu preferido, nunca perco a oportunidade de dedicá-lo à todas as mulheres Angolanas, em especial à Minha.

Parabéns Décio!

DECIO BETTENCOURT MATEUS said...

Rosa Muhongo,

Obrigado pela simpática visita e pelo comentário. Confesso que também tenho um fraco pelas "Mãos da Mãe"! Benvinda. Thanks.

Décio Bettencourt Mateus

Ana Arlete Bettencourt said...

Well, well, well
how do I say this...you brought tears to my eyes!!!
Falar da mae is always a touchy bubject, and Gash did she not do just about everything you mentioned there??!!
What a GREAT woman, should I say,SUPER WOMAN, she was...we ARE blessed to have had her as a mother.
Great work again Vadinho, well written......I LOVE IT!!!

DECIO BETTENCOURT MATEUS said...

Well, well, well...
Again you are right sister. And of course we are very proud for the mother that we had. And lucky for such a strong and courageous woman she was. And you know, when I write these kind of poems, my main source of inspiration is our dear mother, Luzia.

With love.