Sunday, March 08, 2015

AS HIENAS VIERAM A CORRER OS ABUTRES

As hienas vieram as hienas
fugidias do longe das matas
áridas de chuvas magras
silenciosas amenas
língua de fora astutas
fugidias das terras securas.
   
Vieram escapulidas fome nas patas
terras deserto nos rios
as hienas gargalhadas marotas
esquinadas nos lábios
caudas mansas
salivando gargalhando sonsas.
  
As hienas vieram a correr os abutres
pendurados nas árvores
terras à mercê presas
pulsarem palpitarem indefesas
a noite gemidos de morte
a noite uivadas à corte.

Cercaram cinturões às terras
trocistas multidões d’hienas exércitos
gritarias hienadas gritos
as hienas soslaio matreiras
os abutres os chacais as feras
as gentes desesperam as terras.
  
As hienas assentaram o covil
conversa astuto ardil
águas pastosas reluzentes
sorriso nos cantos sorridentes
as hienas as feras os abutres:
terra gente húmus desesperam pobres!

Décio Bettencourt Mateus.

Luanda, 12 de Outubro de 2010.


6 comments:

Ana Tapadas said...

Que belo poema, na sua verdade implacável...

Beijo meu.

NAMIBIANO FERREIRA said...

Já tinhamos saudades de uma postagem e veio em edtilo.
Kandandu, Mano.

DECIO BETTENCOURT MATEUS said...

Ana Tapadas, amiga, muito obrigado.
Abraço.

DECIO BETTENCOURT MATEUS said...

Mano, obrigado.
Kandandu.

Rosimery Tomás said...

E então a corja passou a reinar!? Lindo e verdadeiro. Exageradamente perfeito��

Rosimery Tomás said...

E então a corja passou a reinar!? Lindo e verdadeiro. Exageradamente perfeito��