Às estrelas
Vou falar das moças belas
Algures com um filho nos braços
No rosto os traços
De uma promessa não cumprida
Depois do corpo usado
Às estrelas
Vou falar dos mutilados
Não terão sido enganados?
E a angústia daquelas
Que debalde esperam pelos maridos
Numa mata qualquer desaparecidos e esquecidos
Às estrelas
Vou falar das crianças famintas
E gritar quantas
De entre elas
Morrem de fome
Antes mesmo de terem um nome
Às estrelas
Vou falar da guerra
Aqui na minha terra
E perguntar se no mundo delas
Também é assim
Com matanças sem fim
Às estrelas
Vou falar das celas
Em que aprisionaram a liberdade
E encarceraram a felicidade
Numa noite qualquer
Para esquecer
Às estrelas
Vou pedir um passaporte
Com visto para marte
Em venturosas escalas
Rumo ao infinito universo
Deixando para trás este mundo perverso
Às estrelas
Vou falar com elas...
Décio Bettencourt Mateus
in "A Fúria do Mar"
3 comments:
Wanangue POETA! Tuas palavras tua poesia fez verter uma lagrima que rolou pelas faces abaixo....
O criar emecoes no leitar e' o cerne da verdadeira poesia, eu acho! Kandandu meu irmao e amigo Namibiano Ferreira
Hoje este poema esta servindo de inspiracao para um que estou fazendo, kandandu mano.
Namibiano
Mano Namibiano: Se a semente da nossa poesia dá fruto, então isso concerteza é motivo de orgulho e nos enche de satisfação. Vou aguardar curioso para ler o teu novo rebento.
Sempre aquele kandandu poético e bem à moda angolana!
Décio Bettencourt Mateus
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