Um outro eu, distante de mim
Distante de me pertencer
E distante de me querer
Um outro eu, num qualquer outro jardim
Dum qualquer outro canto
E com um qualquer outro pensamento
Um outro eu perdido
E desaparecido
Feito vagabundo a deambular para trás e para frente
Ora triste ora contente
Hoje aqui, amanhã ali e depois acolá
Um outro eu feito vagabundo, hoje aqui amanha lá!
Um outro eu por aí numa qualquer esquina
Com uma qualquer companhia
Num qualquer dia
E quiçá com uma qualquer mania
Procurando sua sina
Um outro eu talvez por aí perdido em angústia!
Um outro eu, numa qualquer discoteca de Luanda
Mulher bela, mulher linda
Mulher da vida, mulher que anda
Mostrando pernas grossas e exibindo os seios
Um outro eu mulher gatuna, roubando prazeres alheios
Numa qualquer discoteca de Luanda
Um outro eu, num qualquer quarto de um hotel
Numa cama de um hotel, sorvendo mel
Dando mel a um qualquer desconhecido
Conhecido
Um outro eu mulher linda
Prostituindo-se num qualquer hotel de Luanda
Um outro eu, num qualquer carro desconhecido
Em gemidos proibidos
Algures em canto escondido da ilha de Luanda
Da ilha da kianda
Um outro eu gozando prazeres aldrabados
Gozando prazeres contaminados!
Um outro eu dançando a tarrachinha
Pernas nas pernas entrelaçadas, desejo vivo nas entrelinhas…
Corpos nos corpos juntinhos
Respiração em respiração
Em louca excitação, em louca comunhão
Um qualquer eu a tarrachar, sexos nos sexos coladinhos!
Um outro eu às vezes, por aí entristecido e disperso
Num qualquer canto do planeta
Quiçá mesmo do universo
Um outro eu feito um qualquer cometa
Perdido à procura duma qualquer outra meta
Perdido à procura dum qualquer outro verso!
Um outro eu mulher linda
Mulher da vida, prostituindo-se num qualquer hotel de Luanda!
Décio Bettencourt Mateus
in "Os Meus Pés Descalços"
6 comments:
Hola
Dejaste un comentario en el blog, que no sabía muy bien a quién iba dirigido. No importa, lo importante es haber descubierto tu poesía. Siempre he tenido una fascinación por la poesía africana y no sabía dónde encontrarla.
No conozco muy bien tu lengua, pero te seguiré, me tomo la libertad de enlazarte.
Un saludo
Amigo Decio parabens pelo lindo poema.
Mas nao somos todos nos prostitutos de uma ou outra razao?
Nao existem valores so' o eu, o grande ego e nada mais.
Vejo tantos poetas cantarem poemas errados! e sentem-se importantes e satisfeitos porque sao lutadores pelos ideais dos menos afortunados!!!
A tudo isto fecho os meus olhos e sorrio, sem vontade.
Tanta hipocrisia e mediocrinidade, tira-me a vontade de viver, repugna-me os sentidos, ironiza o meu sofrer!!!
Bj. caro amigo, poeta pelos certos ideais.
o Eu lírico que volta e meia se confunde com o próprio Eu...
abraços Décio!
Caro Decio,
Agora que ja foi indicado por mim para o Premio Caneta de Ouro, faça o seguinte:
1- inserir nos seus contactos o blog Gritos Verticais:
http://poemasdeandreluis.blogspot.com e Alma de Poesia: http://ritacosta-almadepoesia.blogspot.com
2- Escreva para o e-mail canetadeouropoesia2007@gmail.com
Dizendo: "Fui indicado com a
poesia "Os Meus Pes Descalcos" http://mulembeira.blogspot.com por NAMIBIANO FERREIRA do blog
http://poesiangolana.blogspot.com, que concorre com o poema " Imbondeiração"
Aguarde a remessa do material para que possa
colocar devidamente em seu blog como eu fiz no meu.
Boa Sorte!
Namibiano Ferreira
Caro Decio,
Muitos eus acabam por se tornar os nossos "ais".
Mas é assim que percebo a intranquilidade do poeta, as coisas que o instigam, que tocam nas feridas e o fazem produzir textos belos e reflexivos.
kandando.
Meu caro poeta,
Quantos "eus" somos?
Pela manhã um, à tarde outro, à noitinha sem percebermos somos tantos..
Somos guerreiros, somos amantes, somos sonhadores, somos tristes e alegres, somos paisagem e reticências...enfim.. somos...
Parabéns pelo belo poema que me remeteu a tantos "eus". bjus no coração
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