Friday, September 19, 2008

FRUTA VERDE

Fruta verde de qualidade
E em quantidade
Fruta verde de catorze anos verdes
Nas discotecas, nas praias, na rua...
Fruta verde fruta ingénua
Abundante nas nossas cidades

Fruta verde mini-saia curtinha
A mostrar pernas bem torneadas
A mostrar ancas onduladas
Fruta verde fruta gostosinha
De dar água na boca
E fazer cabeça louca

Fruta verde fruta apetitosa
Seios tesos madurinhos
Fruta verde fruta saborosa
Calções pequenos calções curtinhos
Fruta verde a convidar com o andar
A convidar com o olhar

Fruta verde sensual nas praias
Corpo escultural a bronzear-se nas areias
Fato de banho fio-dental provocante
Corpo a amadurecer, nu excitante
Corpo a amadurecer, nu à mostra
De deixar boca sem palavra

Fruta verde flor a desabrochar
Corpo de mulher a florescer
Fruta verde flor a despertar
Corpo de mulher a amadurecer
Fruta verde fruta bonita
Homens ansiosos à espreita

Fruta verde, verde comida
Fruta verde desiludida
Não teve tempo de desabrochar
Não teve tempo de florescer
Fruta verde não teve tempo para despertar
Homens comeram fruta verde a amadurecer!

Fruta verde aos embaraços
Com filho verde nos braços!


In "A Fúria do Mar"

Décio Bettencourt Mateus

14 comments:

NAMIBIANO FERREIRA said...

Lindo poema e com muito para pensar... obrigado meu mano!!
Kandandu

DECIO BETTENCOURT MATEUS said...

Namibiano: tuas visitas e comentários são sempre bem vindas e estimuladoras.

Kandandu

Meg said...

Caro Décio,
Que bom este regresso que espero seja para continuar.
Vou pensar nesta "fruta verde"...
quem sabe não lhe vou roubar!
É só uma questão de tempo,rsrsrs...

Um abraço

Moacy Cirne said...

Meu caro, como sou brasileiro (nordestino residindo no Rio), de cara faço uma pergunta: qual o significado de "mulembeira"? Aqui usamos a expressão (depreciativa) "mulambada" para designar a gente do povo. Mas, já que aqui estou (através do blogue da Meg), vou aproveitar para espiar o seu espaço. Um abraço.

DECIO BETTENCOURT MATEUS said...

Moacy: benvindo à Mulembeira.
Mulemba Waxa Ngola ou simplesmente Mulembeira é o nome duma árvore muito conhecida e respeitada cá em Angola. Faz parte da nossa cultura e tradição pois o seu nome é associado a vários acontecimentos do nosso passado, incluindo reis e pactos. Debaixo duma Mulembeira experimenta-se uma agradável sensação de calmia e paz transmitidas por sua sombra e frescura, motivos de habituais encontros de lazer, debates e outros entre várias pessoas. A sua importância cultural pode também ser percebia pela muita alusão (à ela) que é feita pelos nossos criadores: cantores, artistas plásticos, escritores, etc.
Obrigado pelo interesse e visita.

Décio Bettencourt Mateus

Moacy Cirne said...

Grato pela explicação, caro Décio. Gostaria de publicar no balaio o poema 'A minha casa' (com os devidos créditos, claro). Tudo bem? Um abraço.

DECIO BETTENCOURT MATEUS said...

Moacy: seu pedido é prazeirosamente aceite. Sinta-se à vontade, não precisa pedir, é só escolher o que for do seu agrado.

Um kandandu (abraço)

Moacy Cirne said...

Oi, o Balaio de hoje contém o seu poema. E outras surpresas. Um abraço.

Moacy Cirne said...

Meu caro,
há mais Angola no Balaio;
Kandandu,
como dizem vocês.

(Como se fala? Kandandú?)

Eyala said...

kandandu kota, o teu blog tbm é fixe , e os teus poemas conseguem passar a mensagem, pena ultimamente o pessoal ter pouco habito de leitura... força e um abraço

DECIO BETTENCOURT MATEUS said...

Pois é Alcino, de facto lê-se muito pouco na nossa terra. E é bom encontrar jovens que ainda o façam. Todavia, pode levar tempo, mas um dia há-de se ler nesta terra!

Ana Arlete Bettencourt said...

Oh My God
Decio I swear I remember when you wrote this poem.
I remember you in your room, no Prenda, and you gave it to me, Chinda e o Senhor Sebastiao to read.
I remember how chocked I was at the
message, and how thrilled I was
that you were able to deliver
the message in a subtle and discrete way!!
I loved it them ,and I love it even more now.
Your poesy has evolved over the years, and I must say has it gotten better & better.
Love you,

DECIO BETTENCOURT MATEUS said...

Yes Boneca you are right. I do remember the some: myself writing the poems night along and early in the morning showing to you, Baba, Chinda and later to Sr. Sebastião. It was a very important period specially becouse you gave me that support and confidence that I was looking for. This is why I thanked you guys in my first book, A Fúria do Mar. Well the dream became reality and we are here showing our poesy to the world!

Love you sister.

DECIO BETTENCOURT MATEUS said...

Hi Anonymous: Thanks for coming and for the kind words. I appreciat it.