Um homem das áfricas longínquas
Num McDonald’s das europas
A tremer o frio nas roupas
A esconder as mágoas
E miséria das terras ricas
E sofridas das áfricas!
Senta-se faminto num canto
O cansaço da África
A desilusão da Europa branca
No rosto esfomeado
Senta-se ao meu lado
A dor d’África no pensamento!
Traz a fome dos dias a roer
O homem num McDonald’s das europas distantes
A África e suas gentes
A roer, a moer
E um homem senta-se perdido nas europas
A tremer o frio nas roupas!
A África atrasada, distante
A poeira e gritaria de desentendimentos
Dos homens arrogantes
Europa, o paraíso, fica num além
Dissipado numa nuvem
E o “um homem” senta-se nos seus pensamentos!
E parte perdido na ilusão das europas brancas
A vergonha das áfricas ignorantes
E suas gentes
A barriga de fome a roer
A vergonha a doer
E um homem parte na desilusão das áfricas!
Décio Bettencourt Mateus
in "Xé Candongueiro"
18 comments:
Um homem das áfricas e que nem gosta de McDonald's food e ás vezes escreve poesia pensando sempre na sua terra e no povo que tanto canta... nao te elogio o poema, mano, porque me faltam palavras... vou ser trivial: BONITO POEMA, MEU MANO, BONITO MESMO!!!
kandandu
Tão bonito que emociona a gente!
Não fica tanto tempo sem publicar. Sinto a sua falta.
Bjs.
Um poema
das áfricas amadas,
inclusive por brasileiros
de terras longínquas.
Um belo poema,
antes de tudo.
Kandandu/abraço.
Namibiano: é (também) de elogios que se alimenta e envaidece a alma criadora poeta. Por isso muito te agradeço e me alegro.
Fátima: uma presença agradavelmente habitual em "Mulembeira". Prometo não ficar tanto tempo sem publicar.
Obrigado.
Moacy: Há cerca de quinze dias estive no Rio e Salvador (pela primeira no Brazil). Em Salvador senti o famoso reencontro com as nossas gentes que foram deportadas para o Brazil. Amei.
Concerteza que sim, também os brasileiros em terras longínquas se podem rever em "Um Homem num McDonal's!"
Meu caro,
que pena que não nos encontramos no Rio (de qualquer modo, no momento encontro-me em Natal, ao norte da Bahia).
O Balaio de hoje é dedicado à poesia de Angola. Há um poema seu.
Kandandu/abraço.
Décio,
E que saudades eu tenho das "minhas" Áfricas... e dos teus poemas.
Num país com tanta gente sem trabalho, não tenho o direito de me queixar de excesso de trabalho, mas é verdade... por isso tenho andado afastada. mas não esqueço os amigos.
Dizer-te que gostei MUITO do teu poema não é uma novidade para ti, tenho a certeza.
E não nos deixes sem a tua poesia.
Um abraço
Meg amiga: já vinha reclamando a tua (longa) ausência. Coragem amiga; pensares que deves aguentar o excesso de trabalhar por haver muita gente sem trabalhar, é uma faceta positiva de um problema.
Obrigado pela vistita e pelas palas palavras amáveis e encorajantes. Prometo poesia, especialmente porque o meu novo livro "Xé Candongueiro" já está pronto.
Kandandu
eu adoro este texto, já alardeei por aí.
sabe que eu gostava de me chamar de luanda. e gostava de fazer poemas assim. ainda bem que hoje me bastou re-lê-lo.
beijo.
Nina, obrigado pela visita e palavras amáveis. Na verdade sou eu quem reclamo admiração pela sua poesia! Cativa-me a originalidade, simplicidade e profundidade dos seus textos.
Um kandandu (abraço).
décio:
meu livro mais recente é ilustrado
com elementos da iconografia africana.nossa mãe áfrica tem uma força sem limites.
te deixo um grande abraço.
romério
Romério: sua visita e comentário são motivo de lisonja bastante. É muito bem vindo à Mulembeira. E igualmente bom saber das referências à mãe Àfrica.
Sendo um pouco difícil adquirir seu novo livro, vou acompanhar através do seu blog e/ou outros. Obrigado.
Um kandandu (abraço)
Bom dia Sr Décio,
Ja vi que o livro Xé Candongueiro vai "bater".
Aguardamos ansiosamente a publicação.
Kandandu!
R de Palma: "Xé Candongueiro" deverá ser lançado em Dezembro ou Janeiro. Bem vamos lá ver se vai "bater", aí a palavra será dos leitores...
Kandandu de bom fim de semana.
Sim, queremos muitos poemas e muitos livros. Porque nós gostamos de te ler, meu mano.
Tem surpresa em Cores e Palavras
Kandandu
Um dos meus favoritos poemas deste livro.
A realidade de muitos Africanos no estrangeiro e muito dolorosa...eu admiro o talento do meu irmao, de capturar tao bem esta realidade.
Continua o excelente trabalho mano!!
Kisses
Ana Arlete: obrigado por vires. Obrigado por teus simpáticos e encorajadores comentários. Confesso-te também um fraco por este poema.
Walk tall mana!
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