Thursday, May 05, 2011

E EU ERA O TEU KWANZA*...

E eu era o teu kwanza
Caudaloso
E tortuoso
Destreza
A farfalhar as margens
Das tuas paragens!

Um kwanza vaidoso
E sinuoso
A fundir a doçura
Do meu açúcar
Na salgadura
Das ondulações do teu mar!

Ou ainda a nostalgia
Dum pôr-do-sol a entardecer
A luz do teu dia
Eu era a delicadeza
Duma brisa
A sussurrar-te o amanhecer!

Era a noite solitária
A beijar a insónia
Da tua madrugada
Uma mania
D’aurora adiada
Na maré da tua praia!

Era a melodia
Do trecho
Do canto dum riacho
Harmonia
D’águas a batucarem pedras
E a polirem lascas ásperas!

Um aceno distante
No anoitecer
Da tua noite
Dormida-acordada
Eu era o kwanza da tua almofada
A balbuciar-te o alvorecer!


Décio Bettencourt Mateus in "Xé Candongueiro!"

Luanda, 07 de Junho de 2007.

* Kwanza: rio de angola.

9 comments:

Ana Tapadas said...

Vibrante poesia, plena de sentidos. Adorei.
Abraço

Maria Azenha said...

Lindíssima a sua Poesia.

Tem alma vibrante...

Obrigada,

Anonymous said...

Claro q conheco este poema... Um dos meus favoritos em Xe Candongueiro! Momento lirico que nos transcende. Belo, belissimo meu mano!
Sakidila!
Namibiano Ferreira

DECIO BETTENCOURT MATEUS said...

O mano Namibiano anda muito sumido...

NAMIBIANO FERREIRA said...

Mano,
Já temos saudades de um poeminha....
kandandu
Bom dia da Dipanda, amanha.

DECIO BETTENCOURT MATEUS said...

Verdade mano Namibiano. Estou só à espera do novo rebento. E então teremos novamente poesia a farta! Obrigado. Kandandu.

Odete said...

Lindo poema!... Adorei. Espero que o novo rebento o inspire para novas poesias tão intensas quanto esta. Felicidades.

Odete said...

Lindo poema!... Adorei. Espero que o novo rebento o inspire para novas poesias tão intensas quanto esta. Felicidades.

DECIO BETTENCOURT MATEUS said...

Obrigado Amiga Odete.