em
pés empoeirados
e
cacimbados
no
quente do asfalto
vem
do longe dos musseques
e
traz o som dos batuques.
Este
chocalhar de pernas femininas
a
lutar bagatelas
e
gritarias
em
pedaladas fugidias
vem
do longe das sanzalas
e
foge a dança das minas.
Vêm
perdidas das matas
perdidas
das kubatas
estas
chocalhadas em chão quente
de
sol arrogante
vêm
corridas das lavras
e
trazem a fome das terras.
Este
arrastar de pés zungueiras
com
falas de asneiras
em
conversa matumba
vem
do longe dos musseques
e
dança a dança dos batuques
a
resmungar o chão da Mutamba.
Este
fedor forte
conhece
os grãos da estrada
os
grãos da caminhada
e vem
d’alguma parte
escapulido
das minas
vêm d’alguma
parte estas chocalhadas femininas.
Esta
catinga fedeu-se distante
fugidia
deslocada
do
kimbo aos gritos mãos na cabeça
desesperançada
sem
graça
esta catinga fedeu-se em andanças galopantes.
Este
chocalhar em pés encardidos
e
rachados
este
chocalhar revolto
em
pés de zungueira no quente do asfalto
vem
do longe dos musseques
e
dança a dança dos batuques!
Décio Bettencourt Mateus.
in Gente de Mulher.
5 comments:
Bela poesia.
Excelente, meu Mano!!
No meio da beleza deste poema há o sofrimento de um passado recente e também o sofrimento presente nas leituras que se podem fazer da eterna dicotomia asfalto/musseque....
um desses dias desvio-o para a Ondjira!!!
Kandandu, Mano.
Muito obrigado António Eduardo. Um abraço.
Mano, o poema aceita feliz a tua proposta. Obrigado mano.
Um kandandu
Muito bom blog! Para quem gosta de poesia:
http://carrovazio.blogspot.pt
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